quarta-feira, 18 de abril de 2012

Governo cria residência educacional para apoiar a formação de professores


Programa começa no segundo semestre em 483 escolas estaduais com a atuação de cerca de 15 mil universitários
Educação investe R$ 73 milhões em nova modalidade de estágio, que inclui bolsas de R$ 425 e auxílio-transporte de R$ 180


O governador Geraldo Alckmin e o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, assinaram hoje (18/04) decreto de criação do programa Residência Educacional. O objetivo da iniciativa é fortalecer, por meio de um novo modelo de estágio obrigatório, a formação de professores pelas instituições de ensino superior. Com bolsas de R$ 425 e auxílio-transporte de R$ 180, cerca de 15 mil universitários começam já no segundo semestre deste ano a estagiar em 483 escolas estaduais. O investimento previsto para essa etapa é de R$ 73,1 milhões.
“A residência educacional é fundamental para a política de Educação do Estado, que visa valorizar a carreira do professor, e, para isso, é necessário também fortalecer sua formação”, afirmou o secretário Herman Voorwald. "Valorizar os recursos humanos é um dos pilares do programa Educação – Compromisso de São Paulo, que tem como objetivos principais fazer a rede estadual de ensino alcançar níveis de excelência e tornar o magistério uma das profissões mais prestigiadas por nossos jovens."
Com a denominação inspirada na residência médica, o programa Residência Educacional prevê a atuação dos bolsistas em escolas consideradas de maior vulnerabilidade nos aspectos socioeconômico, de infraestrutura e de aprendizagem. Em 2013, com o acréscimo R$ 56,6 milhões, serão beneficiados mais 11.480 universitários para atuar em 361 escolas. No ano seguinte, o aporte adicional de R$ 54,3 milhões incluirá mais 11.417 bolsistas presentes em 359 unidades de ensino.
A Secretaria da Educação fará em breve o chamamento público para as instituições de ensino superior interessadas em participar da Residência Educacional. O processo seletivo para estudantes candidatos ao programa será realizado pelas próprias universidades e faculdades cadastradas. Os requisitos para a seleção são: estar matriculado a partir do 3º semestre em curso de Licenciatura, que contemple as disciplinas da matriz curricular do Ensino Fundamental e Ensino Médio das escolas públicas estaduais; assiduidade e rendimento escolar satisfatório no curso de Licenciatura, atestada pelo responsável na instituição; não ser beneficiado por qualquer outro tipo de bolsa concedida pelo Poder Público estadual; ter sido selecionado pela instituição de ensino para participar do programa e ter disponibilidade para cumprir a jornada estabelecida no plano de atividades do estágio.
O universitário desenvolverá um projeto de apoio pedagógico em conjunto com o responsável por estágio na unidade escolar, articulado com o supervisor da universidade. Esse trabalho servirá como um legado que continuará a ser usado na busca pela qualidade de aprendizado na escola. A Secretaria da Educação e a instituição de ensino superior parceira da iniciativa serão responsáveis pelo acompanhamento do projeto. A duração do estágio será de 400 horas, não podendo ultrapassar sete meses.


Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Assessoria de Imprensa
Mais informações à imprensa: (11) 3218-2061 e 3218-2020


terça-feira, 10 de abril de 2012

REMOÇÃO DE DOCENTES: Inscrições abertas

Atenção professores: O período para a remoção de docentes está aberta. Confira os passos e procedimentos. É oportunidade de pensar com carinho nas possibilidades profissionais. Abaixo reprodução da notícia do site www.educacao.sp.gov.br


Educação abre inscrições para concurso de remoção de docentes
Professores interessados em mudar de escola a partir de 2013 têm até o dia 16 deste mês para indicar a unidade escolar na qual gostariam de atuar

Professores da rede estadual, titulares de cargo, interessados em mudar de escola em 2013 podem se inscrever no concurso de remoção a partir das 9h de amanhã (10). O cadastramento deve ser feito via internet, até as 23h59 da próxima segunda-feira (16), pelo sistema GDAE(Gestão Dinâmica de Administração Escolar da Coordenadoria Geral de Recursos Humanos), no endereço http:/drhunet.edunet.sp.gov.br/PortalNet/, acessando o link relativo ao concurso. As normas serão publicadas amanhã no Diário Oficial do Estado.
A inscrição está condicionada à indicação de pelo menos uma unidade de ensino, que deve ser feita no ato do cadastro. O candidato que não indicar nenhuma instituição terá a inscrição indeferida. A relação das vagas inicialmente disponíveis pode ser consultada no site do GDAE, mas o docente poderá escolher qualquer escola, mesmo que não haja vagas neste momento, pois podem ser abertos postos ao longo do processo.
O candidato poderá se inscrever para concorrer por títulos ou por união de cônjuges. No cadastramento, serão utilizados os dados constantes no cadastro funcional da Secretaria da Educação. Mesmo efetuando a inscrição pela internet, o professor deverá apresentar ao diretor da escola em que atua toda a documentação comprobatória dos títulos para a classificação (doutorado, mestrado, especialização ou aperfeiçoamento) e da união de cônjuge (certidão de casamento ou escritura pública de declaração de convivência marital e atestado do cônjuge original).
Não poderá participar do concurso o docente em condição de readaptado ou ingressante em estágio probatório que tenha sido nomeado mediante concurso regionalizado. Também será eliminado aquele que optar pela remoção por união de cônjuges, mas que tenha sido transferido nessa modalidade há menos de cinco anos, exceto se o seu cônjuge foi transferido por decisão da administração para outra unidade ou vier a prover novo cargo em outro município, apresentando o comprovante ao seu superior imediato.
Uma vez inscrito no processo, o candidato não mais poderá desistir da mudança de escola e nem alterar, incluir ou excluir unidades escolares que vier a indicar para a remoção. A conclusão do concurso de remoção está prevista para dezembro e os professores somente assumirão a nova escola no próximo ano.
Em caso de dúvidas, os professores interessados podem entrar em contato com a Central de Atendimento da Secretaria de Estado da Educação, por meio do telefone 0800-7700012 ou pelo e-mail centralgdae@edunet.sp.gov.br. O candidato que não tiver ou que tenha esquecido login e senha para acesso ao sistema GDAE deverá clicar em “Manual Para Acesso ao Sistema” e seguir as orientações.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

SAÚDE DO PROFESSOR

Veja vídeo aula: "Saúde do Professor", com a Professora Paula Fernandez, do Curso de Pós Graduação da Usp/Univesp, Ética, Saúde e Valores na Escola.


domingo, 8 de abril de 2012

DIA MUNDIAL DA SAÚDE



O Dia Mundial da Saúde é comemorado no dia 7 de abril, com o objetivo das pessoas se conscientizarem sobre a importância da saúde nas suas vidas e no dia-a-dia, além de descobrirem formas de se cuidarem.

Origem do Dia Mundial da Saúde

O Dia Mundial da Saúde foi criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1948, devido a preocupação de seus integrantes em manter o bom estado de saúde das pessoas em todo o mundo, e também alertar a todos sobre os principais problemas que podem atingir a população mundial.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

VÍDEO APRESENTADO EM REUNIÃO DE PAIS TEM MAIS DE 3000 ACESSOS



Veja o vídeo que apresentamos em algumas reuniões de pais e mestres em nossa escola e que até o momento teve mais de 3.000 acessos de vários pontos do país.

Temas atuais.

Se preferir acesse vídeo direto do you tube



quinta-feira, 5 de abril de 2012


Matéria publicada no jornal Agora de São Paulo, 03 de abril de 2012.
Dedicação é o segredo da melhor
escola da capital
Colégio destaque no Idesp acompanha alunos de forma individual. Direção é a mesma há 5 anos
Paula Felix
do Agora
Organização, atendimento individualizado, dedicação dos profissionais e poucos alunos em sala de aula são alguns dos segredos do sucesso da Escola Estadual Parque Ecológico, em Ermelino Matarazzo (zona leste de São Paulo), o colégio da capital com a melhor colocação em 2011 no 5º e no 9º anos do ensino fundamental, segundo a avaliação do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo).
Localizada em uma rua pouco movimentada, a escola, que tem cerca de 650 alunos, não apresenta pichações nem sinais de depredação ou descuido.
"No ano passado, o trabalho foi focado em tirar as dúvidas dos alunos", diz a professora Maria Severina da Conceição, do 3º ano do ensino fundamental da unidade.
As dificuldades de cada aluno são identificadas e eles recebem acompanhamento individual em sala de aula.
Pais não economizam elogios a professores
Para o administrador Eduardo Hildebrand, 42 anos, que tem dois filhos matriculados na escola, a unidade mereceu a colocação que teve no Idesp. "Meus filhos aprendem aqui. A direção e os professores são bons. Confio neles".
A dona de casa Esilene Rodrigues, 39 anos, tem três filhas na escola e também elogia a unidade. "Elas só vão sair daqui quando terminarem os estudos. As professoras têm muito cuidado com as crianças".
Eletricista de manutenção e pai de três alunos da escola, Clebson Silva Pessoa, 38 anos, faz coro aos elogios dos outros pais. "A escola é organizada e sempre tem professores", dis Pessoa.
"Aluno cria vínculo"
Um modelo para as outras unidades. Essa é a definição para a Escola Estadual Parque Ecológico, segundo Silvia Colello, professora de psicologia da educação do Departamento de Filosofia da Educação da USP.
"O resultado dessa escola é a prova de que mudanças pontuais, no que diz respeito à organização e ao tratamento aos alunos, fazem toda diferença", diz Silvia.
Sobre a dedicação do corpo docente, ela comenta: " Isso dá outro significado para a vida escolar. Com professores comprometidos, os alunos aprendem a seguir regras".
Para Silvia, os estudantes criam um vínculo com a instituição quando sentem que fazem parte dela.



domingo, 1 de abril de 2012

A APRENDIZAGEM TEM QUE SER SIGNIFICATIVA PARA NOSSOS ALUNOS



 Não é necessário que o professor faça "um show" ou promova um "espetáculo" a cada aula. Mas a aprendizagem tem que ter sentido, deve ser significativa aos alunos. Ações pensadas, planejadas com dinâmicas alternativas, com a utilização de espaços, materiais e instalações que a escola já fornece (diria, sem medo de errar em ótimas condições) , ou através de novas solicitações que justifiquem e possam levar aos nossos alunos motivação e alegria de pertencer a escola, de sentir que aquela atividade em questão é envolvente, útil; esta  que pode ser contextualizada com assuntos emergentes, atuais ou parte conteúdo do currículo.

Toda forma de aula certamente tem seu valor, mas aulas, por exemplo, excessivamente expositivas levam a um quadro de desinteresse coletivo, e diga-se de passagem não podemos mais utilizar o velho jargão de que a escola só dispõe de "giz,cuspe e lousa".

Acredito no planejamento efetivo, em que se utiliza de forma otimizada os recursos disponíveis, que envolve os alunos através de projetos ou aulas diferenciadas, associadas à projetos complementares como o Mais Educação, PDE-Escola, parcerias, eventos culturais e esportivos. Tudo isso melhora o clima escolar e desenvolve o processo de ensino e aprendizagem. Claro que existem outros fatores que influenciam: Nutricionais, sócio-econômico, características próprias da escola, estrutura familiar, envolvimento dos pais - que devem acompanhar, dialogar e auxiliar na vida escolar de seu filho tem função primordial. Juntamos a este quadro a forma de avaliar que deve atender as principais necessidades dos alunos e desenvolver suas potencialidades. Os alunos não são todos iguais. A escola Estadual é de fato "uma escola para todos", e neste paradigma o corpo discente e seus pais não querem simplesmente   "estar" na escola, querem de fato aprender. Aí também entra a questão da formação continuada...

Abaixo repassamos uma entrevista com o educador Edgar Moran, que aborda alguns aspectos da aprendizagem significativa. Vale ler.

Edson F. Mamprin. Diretor de Escola. EE Prof. Uacury Ribeiro de Assis Bastos


ESCOLA CONECTADA- O que a escola deve fazer para, formar o aluno em conhecimentos, habilidades, valores, atitudes, formas de pensar e atuar na sociedade através de uma aprendizagem que seja significativa?
MORAN- A escola precisa re-aprender a ser uma organização efetivamente significativa, inovadora, empreendedora. A escola é previsível demais, burocrática demais, pouco estimulante para os bons professores e alunos. Não há receitas fáceis, nem medidas simples. Mas essa escola está envelhecida nos seus métodos, procedimentos, currículos. A maioria das escolas e universidades se distanciam velozmente da sociedade, das demandas atuais. Sobrevivem porque são os espaços obrigatórios e legitimados pelo Estado. A maior parte do tempo freqüentamos as aulas porque somos obrigados, não por escolha real, por interesse, por motivação, por aproveitamento. As escolas conservadoras e deficientes atrasam o desenvolvimento da sociedade, retardam as mudanças.
A escola precisa partir de onde o aluno está, das suas preocupações, necessidades, curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com a vida, com o cotidiano. Uma escola centrada efetivamente no aluno e não no conteúdo, que desperte curiosidade, interesse. Precisa de bons gestores e educadores, bem remunerados e formados em conhecimentos teóricos, em novas metodologias, no uso das tecnologias de comunicação mais modernas. Educadores que organizem mais atividades significativas do que aulas expositivas, que sejam efetivamente mediadores mais do que informadores. É uma mudança cultural complicada, porque os cursos de formação de professores estão, em geral, distantes tanto das novas metodologias como das tecnologias.
A escola precisa cada vez mais incorporar o humano, a afetividade, a ética, mas também as tecnologias de pesquisa e comunicação em tempo real. Mesmo compreendendo as dificuldades brasileiras, a escola que hoje não tem acesso à Internet está deixando de oferecer oportunidades importantes na preparação do aluno para o seu futuro e o do país.

ESCOLA CONECTADA- Como favorecer a aprendizagem significativa no contexto escolar?
MORAN- Partindo de situações concretas, de histórias, cases, vídeos, jogos, pesquisa, práticas e ir incorporando informações, reflexões, teoria a partir do concreto. Quanto menor é o aluno mais práticas precisam ser as situações para que ele as perceba como importantes para ele. Não podemos dar tudo pronto no processo de ensino e aprendizagem. Aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses fruto de descobertas. O modelo de passar conteúdo e cobrar sua devolução é ridículo. Com tanta informação disponível, o importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador. Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar. Só a aprendizagem viva e motivadora ajuda a progredir. Hoje milhões de alunos passam de um ano para o outro sem pesquisar, sem gostar de ler, sem situações significativas vividas. Não guardam nada de interessante do que fizeram a maior parte do tempo. Há uma sensação de inutilidade em muitos conteúdos aprendidos só para livrar-se de tarefas obrigatórias. E isso chega até a universidade, tão atrasada ou mais ainda do que a educação básica.
É muito tênue o que fazemos em aula para facilitar a aceitação ou provocar a rejeição. É um conjunto de intenções, gestos, palavras, ações que são traduzidos pelos alunos como positivos ou negativos, que facilitam a interação, o desejo de participar de um processo grupal de aprendizagem, de uma aventura pedagógica (desejo de aprender) ou, pelo contrário, levantam barreiras, desconfianças, que desmobilizam.
O sucesso pedagógico depende também da capacidade de expressar competência intelectual, de mostrar que conhecemos de forma pessoal determinadas áreas do saber, que as relacionamos com os interesses dos alunos, que podemos aproximar a teoria da prática e a vivência da reflexão teórica.
A coerência entre o que o professor fala e o que faz, na vida é um fator importante para o sucesso pedagógico. Se um professor une a competência intelectual, a emocional e a ética causa um profundo impacto nos alunos. Estes estão muito atentos à pessoa do professor, não somente ao que fala. A pessoa fala mais que as palavras. A junção da fala competente com a pessoa coerente é poderosa didaticamente.
As técnicas de comunicação também são importantes para o sucesso do professor. Um professor que fala bem, que conta histórias interessantes, que tem feeling para sentir o estado de ânimo da classe, que se adapta às circunstâncias, que sabe jogar com as metáforas, o humor, que usa as tecnologias adequadamente, sem dúvida consegue bons resultados com os alunos. Os alunos gostam de um professor que os surpreenda , que traga novidades, que varie suas técnicas e métodos de organizar o processo de ensino-aprendizagem.

ESCOLA CONECTADA- Uma aprendizagem significativa está relacionada à possibilidade dos alunos aprenderem por múltiplos caminhos de forma colaborativa, permitindo o desenvolvimento de competências e habilidades. Nesse contexto, como tornar a sala de aula um espaço de aprendizagem significativa?
MORAN- Um dos momentos pessoais chave para eu entender as mudanças na educação aconteceu em um curso intensivo que dei em um colégio particular de Curitiba. Os professores do ensino médio criticavam como era difícil dar aula para adolescentes desmotivados, dispersivos, barulhentos, indisciplinados. Uma professora de português deu um depoimento diferente. Segundo ela, não tinha problemas maiores com esses mesmos alunos. E ela detalhou o seu método de trabalho.

1)"Eu gosto dos meus alunos e me preparo positivamente para as aulas". Gostar dos alunos, gostar deles como são, com as dificuldades que trazem, com o jeito que se vestem, falam e escrevem. Gostar deles: é óbvio, mas fundamental para obter sucesso pedagógico. Muitos professores parece que não apreciam os alunos, sentem-se distantes deles, só os criticam e se preparam para a aula como para uma guerra e, evidentemente, ela acontece.

2)"Procuro surpreendê-los sempre".
Crianças e jovens gostam de novidades, de sair da rotina. A professora dizia que os alunos aguardavam sempre por alguma surpresa. Às vezes era de caráter pedagógico: um vídeo diferente, uma nova dinâmica. Outras era simplesmente uma peça de vestuário, um chapéu, algo que tivesse relação com a aula. As aulas são diferentes umas das outras. Utiliza bastantes tecnologias de ilustração como vídeos, CDs, DVDs, pesquisa na Internet. Todo educador precisa surpreender e cativar seus alunos sempre.

3)"Faço os acordos possíveis para as atividades, pesquisas e forma de apresentação".
A professora procura negociar com os alunos os sub-temas de uma pesquisa, a forma de apresentá-los e de divulgá-los. Os alunos fazem suas propostas e chegam a um acordo com a professora. Uns preparam um vídeo, outros um CD, outros desenvolvem uma peça de teatro. Acontece sempre um grande evento no fim do semestre para ampliar a repercussão dos trabalhos. Os alunos se sentem valorizados, levados em consideração e correspondem participando com entusiasmo.
Na educação o mais importante não é utilizar grandes recursos, mas desenvolver atitudes de comunicação e afetivas favoráveis e algumas estratégias de negociação com os alunos, chegar a consensos sobre as atividades de pesquisa e a forma de apresentá-las para a classe. Por que, se isso parece tão simples, os colegas dessa professora se queixavam tanto dos mesmos alunos que com ela colaboravam?.

Hoje, o professor, em qualquer curso presencial, precisa aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora, pois antes ele só se preocupava com o aluno em sala de aula. Agora, continua com os estudantes no laboratório (organizando pesquisas, produzindo novos materiais), na Internet (atividades a distância) e no acompanhamento das práticas, dos projetos, das experiências que ligam o aprendiz à realidade, à sua profissão (ponto entre a teoria e a prática)-e tudo isso fazendo parte da carga horária da sua disciplina, estando visível na grade curricular, flexibilizando o tempo de estada em aula e incrementando outros espaços e tempos de aprendizagem.

Educar com qualidade implica em organizar e gerenciar atividades didáticas em, pelo menos, quatro espaços.

1) Reorganização dos ambientes presenciais
A sala de aula como ambiente presencial tradicional precisa ser redefinida. É um espaço para algumas informações, para debate, para organização de projetos, para mostrar seus resultados.
As salas de aula podem tornar-se espaços de pesquisa, de desenvolvimento de projetos, de intercomunicação on-line, de publicação, com a vantagem de combinar o melhor do presencial e do virtual no mesmo espaço e ao mesmo tempo. Pesquisar de todas as formas, utilizando todas as mídias, todas as fontes, todas as maneiras de interação. Pesquisar às vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente. Pesquisar na escola; outras, em diversos espaços e tempos. Combinar pesquisa presencial e virtual. Relacionar os resultados, compará-los, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los.

2) Aprendizagem em ambientes digitais
Há três campos importantes para as atividades em ambientes digitais: o da pesquisa, o da comunicação e o da produção-divulgação. Pesquisa individual de temas, experiências, projetos, textos. Comunicação, realizando debates off e on-line sobre esses temas e experiências pesquisados. Produção, divulgando os resultados no formato multimídia, hipertextual,"linkada" e publicando os resultados para os colegas e, eventualmente, para a comunidade externa ao curso.
O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos tempos a distância combinados com o presencial. O que vale a pena fazer pela Internet que ajuda a melhorar a aprendizagem, que mantém a motivação, que traz novas experiências para a classe, que enriquece o repertório do grupo.

Estes ambientes virtuais incorporam cada vez mais recursos de comunicação em tempo real e off line, de publicação de materiais impressos, vídeos, etc. Recursos de edição on-line: professores e alunos podem compartilhar idéias, modificar textos, comentá-los. Podem fazer discussões organizadas por tópicos (off line) e fazer discussões ao vivo, com som, imagem e texto. Os ambientes de aprendizagem se integram aos programas de gestão acadêmica e financeira. Com a mesma senha os alunos acessam seu histórico escolar, seus pagamentos, seus cursos. Tudo se integra cada vez mais; tudo fala com tudo e com todos.

3) Aprendizagem em ambientes experimentais, profissionais e culturais
A escola pode estender-se fisicamente até os limites da cidade e virtualmente até os limites do universo. A escola pode integrar os espaços significativos da cidade: museus, centros culturais, cinemas, teatros, parques, praças, ateliês, centros esportivos, centros comerciais, centros produtivos, entre outros. A escola pode trazer as manifestações culturais e artísticas próximas, fazendo dos alunos espectadores críticos e produtores de novos significados e produtos. Inserir atividades teóricas com as práticas, a ação com a reflexão. Trazer pessoas com diversas competências para a escola mostra novas possibilidades vocacionais para os alunos.
Os alunos precisam ser incentivados a desenvolver projetos concretos de conhecimento e mudança do bairro, da cidade e de ampliação do contato com projetos de outras escolas, de outras instituições dentro e fora do nosso país.
O laboratório pode ser um espaço importante de integração entre as atividades presenciais e as virtuais, entre o mundo concreto e o abstrato, entre a teoria e a prática.

Se os alunos fazem pontes entre o que aprendem intelectualmente e as situações reais, experimentais, profissionais ligadas aos seus estudos, a aprendizagem será mais significativa, viva, enriquecedora.

ESCOLA CONECTADA- Na sua opinião, que desafios são encontrados numa educação comprometida com a aprendizagem significativa?
MORAN- Estamos caminhando para uma nova fase de convergência e integração das mídias: Tudo começa a integrar-se com tudo, a falar com tudo e com todos. Tudo pode ser divulgado em alguma mídia. Todos podem ser produtores e consumidores de informação. A digitalização traz a multiplicação de possibilidades de escolha, de interação. A mobilidade e a virtualização nos libertam dos espaços e tempos rígidos, previsíveis, determinados. O mundo físico se reproduz em plataformas digitais e todos os serviços começam a poder ser realizados física ou virtualmente. Há um diálogo crescente, muito novo e rico entre o mundo físico e o chamado mundo digital, com suas múltiplas atividades de pesquisa, lazer, de relacionamento e outros serviços e possibilidades de integração entre ambos, que impactam profundamente a educação escolar e as formas de ensinar e aprender a que estamos habituados.

As mudanças que estão acontecendo na sociedade, mediadas pelas tecnologias em rede, são de tal magnitude que implicam- a médio prazo - em reinventar a educação como um todo, em todos os níveis e de todas as formas
Escolas não conectadas são escolas incompletas (mesmo quando didaticamente avançadas). Alunos sem acesso contínuo às redes digitais estão excluídos de uma parte importante da aprendizagem atual: do acesso à informação variada e disponível on-line, da pesquisa rápida em bases de dados, bibliotecas digitais, portais educacionais; da participação em comunidades de interesse, nos debates e publicações on-line, em fim, da variada oferta de serviços digitais.
Quanto mais distante a escola se encontra das grandes cidades, mais dramática costuma ser a exclusão digital. Hoje não basta ter um laboratório na escola (quando existe) para acesso pontual à rede durante algumas aulas. Hoje todos os alunos, professores e comunidade escolar, precisam de acesso contínuo a todos estes serviços digitais para estarmos dentro da sociedade da informação e do conhecimento.
Outro desafio importante é atrair profissionais competentes para a educação. Profissionais (educadores, gestores) bem preparados, remunerados e atualizados são fundamentais para uma educação inovadora. Muitos estudantes que gostariam de lecionar desistem diante dos salários baixos e das condições atuais de trabalho. Os melhores alunos deveriam ser incentivados para serem professores. Não é o que acontece, atualmente.


ESCOLA CONECTADA- Que estratégias devem ser trabalhadas pelo professor para centrar sua ação educativa numa aprendizagem significativa?
MORANAlguns recursos são importantes; utilizar situações do cotidiano (filmes, histórias, poesia, arte....). Fazer a ponte com o que acontece no dia a dia, com situações marcantes na mídia. Se tratamos temas mais abstratos, encontrar sua aplicabilidade, sua utilidade hoje, não só no futuro. Hoje, com a Web 2.0, com tantos recursos gratuitos, como blogs, wikis (escrita pode colaborativa), com as câmeras digitais e a facilidade de publicar textos, vídeos e falas, o professor pode enriquecer as atividades negociadas com os alunos de forma muito mais diversificada e interessante. Ensinar e aprender hoje pode transformar-se em um estimulante e fantástico desafio, que nos realiza profissional e pessoalmente.

Aprendizagem significativa - Moran, José Manuel. Professor de Comunicação na USP (aposentado). Entrevista ao Portal Escola Conectada da Fundação Ayrton Senna, publicada em 01/08/2008, acesso em 01.04.2012 através do site htttp://www.eca.usp.br/prof/moran/significativa.htm , onde a reportagem completa pode ser lida.