TRÊS TEXTOS PARA
REFLETIRMOS
O rIO
Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.
Manuel Bandeira, Petrópolis, 1948
AULA INAUGURAL
É verdade que na Ilíada não havia tantos heróis
(como na guerra do Paraguai...)
Mas eram bem falantes
E todos os seu gestos eram ritmados como num balé
Pela cadência dos metros homéricos.
Fora do ritmo, só há danação.
Fora da poesia não há salvação.
A poesia é dança e a dança é alegria.
Dança, pois, teu desespero, dança.
Tua miséria, seus arrebatamentos,
Teus júbilos
E,
Mesmo que temas imensamente a Deus,
Dança como David diante da Arca da Aliança;
Mesmo que temas imensamente a morte,
Dança diante da tua cova,
Tece coroas de rimas...
Enquanto o poema não termina
A rima é como uma esperança
Que eternamente se renova.
A canção, a simples canção, é uma luz dentro da noite.
(Sabem todas as almas perdidas...)
O solene canto é um archote nas trevas,
(Sabem todas as almas perdidas...)
Dança, encantado o dominador de monstros,
Tirano das esfinges,
Dança, Poeta,
E sob o aéreo, o implacável, o irresistível ritmo de seus pés,
Deixa rugir o Caos atônito...
Mario Quintana, Nova Antologia Poética, 2009
NÃO DEIXE QUE FATORES EXTERNOS ATRAPALHEM SEU IDEAL
Para melhorar a qualidade, não é suficiente apenas ter um sonho, um ideal, é preciso persistência para concretizá-lo.
Certa vez em uma escola um professor pediu que os alunos retratassem seus sonhos em uma redação. O aluno mais humilde da sala escreveu na redação que queria um rancho, para ter muitos cavalos e muito dinheiro para sua família. Quando recebeu a nota, o menino ficou chocado: tinha tirado “insuficiente”! Ele procurou o professor e perguntou:
- Por que o Senhor me deu “insuficiente”?
O professor respondeu:
- O que você escreveu não é uma coisa real, possível. Você é muito pobre para ter tudo isso... Refaça sua redação que eu mudo sua nota.
O garoto foi para casa desolado. Pensou durante o dia todo, mas nada mais lhe ocorria para desejar. Foi até o pai e perguntou:
- Pai, o que eu faço?
- Tome sua própria decisão!
O garoto pegou uma folha de papel e reescreveu a mesma redação, sem nenhuma mudança, e entregou ao professor, dizendo:
- O senhor mantém sua opinião, mantém minha nota e eu manterei meu sonho!
Estabeleça um objetivo desafiador e, como o garoto da história, não deixe que fatores externos impeçam a realização de seu ideal.
Alexandre Rangel – “ O que podemos aprender com os gansos “, 2004
Uma garota de opinião!
Não é necessário ter determinada idade para se ter opinião. Um dos objetivos da escola é formar o aluno crítico. Não aquele que reclama de tudo, sem base para tanto. Mas que o aluno consiga ler um texto, um artigo, entender, interpretar, ter sua opinião e discuti-la, procurando entender o máximo possível da amplitude e complexidade do tema que a envolve. Além de produções escritas, conseguir ter o mesmo discernimento para aspectos orais e visuais. Assim teremos o cidadão pleno, convicto de seus ideais e imune à manipulações.