terça-feira, 28 de abril de 2015

HOJE É DIA DA EDUCAÇÃO


RESULTADOS NA APRENDIZAGEM: A culpa é de quem?


Texto da revista Carta Fundamental, edição nº 67
Entre o mérito e a culpa

De raiz política e comumente utilizada em ambientes corporativos, a meritocracia define-se como a escolha ou promoção de alguém conforme seus méritos e competências. Na última década, entretanto, o conceito alargou-se e aparece incorporado ao discurso e à prática dos mais diversos setores. Na Educação, os resultados pífios do Brasil em avaliações nacionais e internacionais reacenderam o debate em torno da validade de responsabilizar escolas e professores pelos resultados da aprendizagem de seus alunos, ou seja, a implementação de uma política de bonificação ou premiação baseada no cumprimento de metas de desempenho.

Redes estaduais como Pernambuco, Ceará, São Paulo, Minas Gerais e municipais como Rio de Janeiro (RJ), Sobral (CE) e Foz do Iguaçu (PR) são exemplos de gestões que, na última década, implementaram estratégias de responsabilização como forma de impulsionar os resultados e qualidade do ensino público. De forma geral, as secretarias utilizam indicadores externos de qualidade, como avaliações padronizadas, para estabelecer as metas das escolas. Variáveis, estas costumam ser fixadas conforme o contexto e a trajetória de cada unidade. Se a meta é cumprida ao final do ano, a escola e todos os seus funcionários recebem um bônus ou prêmio. Em caso de não cumprimento, o estabelecimento passa por um programa de acompanhamento e intervenção pedagógica. 

A adoção de políticas meritocráticas ou de responsabilização na educação, entretanto, divide opiniões. De um lado, gestores defendem a prática ao afirmar que esta é a maneira mais justa de detectar e reconhecer os profissionais mais empenhados em seu ofício. De outro, educadores e pesquisadores apontam os prejuízos consequentes da competição criada entre escolas e docentes, da concepção mercadológica da educação, além da bonificação como uma “pseudovalorização” da carreira.

Para Maria Helena Guimarães de Castro, ex-secretária de Educação de São Paulo entre 2007 e 2009 e ex-presidente do Inep, as políticas de responsabilização são desejáveis, pois reconhecem o esforço dos professores e equipes mais dedicados no desenvolvimento do projeto pedagógico da escola. “É uma maneira de sinalizar aos professores que o trabalho da equipe será mais reconhecido e valorizado de acordo com o cumprimento de metas definidas”, explica. Outra prática comum nos sistemas meritocráticos defendida por Maria Helena é considerar, além de elementos tradicionais como tempo de serviço e titulação, critérios como dedicação aos cursos de formação continuada, número de faltas e resultados dos alunos nas avaliações externas como decisivos para a promoção na carreira docente. 

Apesar de serem vagos os resultados apontados por pesquisas que acompanharam a implementação desse tipo de política, Maria Helena acredita que o bom desempenho das redes que a adotam em avaliações externas como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é prova de que o sistema funciona. “Segundo os resultados do Ideb, Minas Gerais tem o melhor sistema de Ensino Fundamental do País e Sobral apresenta resultados magníficos que se destacam na Região Nordeste e no Brasil”, diz.

A rede mineira utiliza critérios de meritocracia na educação desde 2007 e foi uma das primeiras no País a adotar esse tipo de sistema. Segundo Ana Lúcia Gazzola, atual secretária de Educação, as metas são compactuadas de forma democrática e contemplam duas diferentes dimensões: qualidade (resultados de desempenho dos alunos nas avaliações externas) e inclusão. “Não é uma meritocracia fria. Sugerimos a meta, mas a escola pode negociar”, diz Ana Lúcia. Para evitar fraudes, as metas contemplam um avanço global da escola e, ao mesmo tempo, uma redução de seu baixo desempenho. “Isso evita, por exemplo, que um diretor só queira matricular alunos que já têm bom desempenho para atingir a meta”, explica.

No município do Rio de Janeiro, as metas das escolas estão atreladas ao desempenho na Prova Brasil e na Prova Rio. Os funcionários das escolas que atingem ou superam a meta recebem um 14º salário e as escolas mais bem posicionadas no ranking interno ganham ainda viagens a Nova York. “O que a gente quer é que cada uma avance dentro da sua realidade. Então, não fica uma escola competindo com a outra, mas consigo mesma”, diz Helena Bomeny, secretária de Educação do município, que acredita que a estratégia contribui para que todo o grupo escolar se una em torno de um objetivo comum. “Não só porque querem que seus alunos aprendam, mas porque, se isso acontecer, terão essa bonificação”, diz.

Na rede estadual de São Paulo, a política de valorização por mérito ocorre desde 2008. Se atingida a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), um bônus no valor de 2,4 salários é distribuído para todos os funcionários da escola. Se superada a meta, o limite do bônus é de 2,9 salários. “Mesmo nos casos em que a escola não atinge a meta ela ganha uma quantia referente ao seu avanço. Por exemplo, se avançou 50% da meta, o bônus é de 1,2 salário”, explica Maria Elizabete da Costa, coordenadora da Gestão da Educação Básica da Secretaria. Para receber a bonificação, os professores devem ter atuado, no mínimo, em dois terços do ano. No caso de faltas, há desconto proporcional no valor do benefício.

Outro fator levado em consideração em São Paulo é o contexto socioeconômico da escola. Um índice que varia de 0 a 10 computa a situação socioeconômica dos estudantes, como renda mensal familiar e casa própria, entre outros. Esse fator é acrescido aos atuais índices e multiplicado por aquele que tiver o maior número: o Idesp da escola em relação à rede estadual ou se a unidade alcançou ou não a meta estabelecida. O maior prevalece. “Percebemos que esse tipo de política tem ajudado essas escolas a traçar planos de ação mais efetivos”, diz Maria Elizabete.

O outro lado
Se, no Brasil, as políticas meritocráticas parecem ganhar força e terreno, no exterior uma das mais emblemáticas experiências com estratégias educacionais de responsabilização – a rede pública dos Estados Unidos – começa a dar sinais de fracasso após 20 anos de implementação. Antes uma grande defensora da meritocracia, Diane Ravitch, secretária-adjunta de Educação no governo George W. Bush (2001-2009), mudou radicalmente de perspectiva ao notar os efeitos perversos do modelo. No livro Vida e Morte do Grande Sistema Escolar Americano, lançado em 2011, Diane explica detalhadamente como a testagem padronizada e a responsabilização punitiva comprovaram-se ineficazes e agravaram ainda mais a crise na educação pública americana.

Segundo a especialista, os mecanismos que premiavam os professores com adicionais em seus salários a partir do bom desempenho dos alunos levaram os docentes a, muitas vezes, burlar os resultados dos testes. Em Atlanta, no estado norte-americano da Geórgia, uma investigação revelou que 44 das 56 escolas públicas do distrito fraudaram os resultados dos testes referentes a 2009, apagando e corrigindo respostas dos alunos. Estima-se que ao menos 178 professores e dirigentes estavam envolvidos no caso, considerado o maior escândalo do tipo no país, motivados, principalmente, pelo bônus atrelado ao bom desempenho dos estudantes. 

Além desse tipo de intervenção extrema, as escolas passaram a treinar seus alunos para responderem à testagem com êxito, em detrimento de uma formação consistente em todas as áreas do conhecimento. “A testagem, eu percebi com desgosto, havia se tornado uma preocupação central nas escolas e não era apenas uma mensuração, mas um fim em si mesma”, conta. 

No Brasil, as gestões educacionais baseadas na meritocracia também encontram desaprovação. Para educadores e entidades docentes, as políticas de responsabilização, longe de promover justiça e valorização na carreira, corroem a possibilidade de ofertar qualidade para todos, inserindo no ambiente escolar a lógica mercadológica da competição, na qual, para que alguns se destaquem, outros precisam ser ofuscados. Além disso, ao oferecer pífias melhoras no pagamento de poucos por meio de bônus e prêmios, acaba mantendo a grande maioria com os baixos salários. “Não dá para tentar resolver a ausência de uma política salarial com esse faz de conta de valorização do professor, que é dar bônus no fim do ano”, critica Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).

Segundo Maria Izabel, esse modelo leva ao raciocínio de que o docente é o único responsável pelo sucesso ou fracasso do aluno, mesmo que não tenha possibilidades reais de alterar as condições de precariedade da escola em que leciona. “É uma política de culpabilização. A culpa é do professor e da equipe da escola, menos do gestor da rede que, na verdade, é a pessoa com mais poder para alterar uma política educacional”, diz. 

Ocimar Alavarse, pesquisador e professor da Faculdade de Educação da USP, acredita que distribuir bônus e prêmios para professores baseado nos resultados dos alunos é um abuso estatístico grande. “Primeiro, porque não tenho a menor ideia de qual foi a participação efetiva daquele professor no resultado final da escola. Segundo, porque aquele resultado do estudante, que é uma média aritmética, é fruto de outros fatores que não necessariamente estão relacionados ao trabalho do professor”, explica Ocimar, referindo-se a fatores extraescolares, como o nível socioeconômico do aluno, a escolaridade dos pais, as oportunidades e a infraestrutura da escola, entre outros. 

Outro grande entrave apontado pelos especialistas é que a própria desigualdade inerente às escolas de uma mesma rede, tanto em termos de investimento quanto de infraestrutura, colocaria aquelas mais vulneráveis em uma situação de desvantagem inicial. Nessa perspectiva, as metas e as consequentes bonificações aprofundariam ainda mais as diferenças, contribuindo para a exclusão e a marginalização das unidades com os quadros mais desafiadores. 

Além disso, assistiríamos a um movimento de migração dos professores para as escolas mais bem avaliadas, a fim de conseguir melhores bônus no fim do ano. Como consequência dessa rotatividade do corpo docente, mais instabilidade no ensino e, consequentemente, na aprendizagem dos alunos. “O mais importante dentro da escola pública é garantir que, apesar das diferenças, todas as crianças tenham as mesmas oportunidades. Mas com essa política temos justamente o contrário: exclui-se e estigmatiza-se cada vez mais algumas regiões da cidade”, aponta Cleuza Repulho, presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e secretária de Educação de São Bernardo do Campo.

Para Maria Helena de Castro, as críticas são infundadas. Segundo ela, não se trata de responsabilizar o professor ou a escola, mas de assegurar condições adequadas de trabalho e de funcionamento à rede pública, definir um projeto pedagógico alinhado ao currículo do estado ou do município e cobrar resultados. “Todos são responsáveis, os gestores, os dirigentes, os coordenadores pedagógicos, os alunos e seus pais, que devem participar e cobrar resultados da escola. O professor não é um coitadinho, vítima das circunstâncias nas quais atua. Cabe também aos professores cobrar condições adequadas de trabalho, remuneração, carreira”, diz. 




CORREIO UACURY - ABRIL 2015



terça-feira, 21 de abril de 2015

10 FILMES PARA REPENSAR A EDUCAÇÃO



1. Quando sinto que já sei 
Custeado por meio de financiamento coletivo, o filme registra práticas inovadoras na educação brasileira. Os diretores investigaram iniciativas em oito cidades brasileiras e colheram depoimentos de pais, alunos, educadores e profissionais. 

Duração: 78 minutos 
Ano de lançamento: 2014 (Brasil) 
Direção: Antonio Sagrado, Raul Perez e Anderson Lima


2.     A Educação Proibida
Gravado em oito países da América Latina, o documentário problematiza a escola moderna e apresenta alternativas educacionais em mais de 90 entrevistas com educadores. O filme é independente e foi financiado de forma coletiva. 

Duração: 145 minutos 
Ano de lançamento: 2012 (Argentina) 
Direção: German Doin e Verónica Guzzo 


3.     Pro dia nascer feliz 
 

O filme mostra o cotidiano permeado de desigualdade e violência de jovens de quatro escolas públicas brasileiras, em Pernambuco, São Paulo, Duque de Caxias e no Rio de Janeiro. 

Duração: 89 minutos 
Ano de Lançamento: 2006 (Brasil) 
Direção: João Jardim


4.     Além da sala de aula 
Baseado em fatos, o filme narra a trajetória e os desafios enfrentados por uma professora recém-formada em uma escola temporária para sem-tetos nos Estados Unidos. 

Duração: 95 minutos 
Ano de lançamento: 2011 (EUA) 
Direção: Jeff Bleckner


5.     Sementes do nosso quintal 
A infância é o tema central do documentário, que foca no cotidiano da Te-Arte, uma escola infantil inovadora que foca no estímulo da criatividade infantil, e na trajetória da idealizadora Thereza Soares Pagani. 

Duração: 115 minutos 
Ano de lançamento: 2012 (Brasil) 
Direção: Fernanda Heinz Figueiredo


6.     Quando tudo começa 
Em meio à miséria e à indiferença do governo francês, um professor de uma escola pública se envolve com as situações vividas pelas famílias das crianças e protesta contra as políticas sociais do país. 

Duração: 117 minutos 
Ano de lançamento: 1999 (França) 
Direção: Bertrand Tavernier 



7.     Paulo Freire – Contemporâneo
Entrevistas com familiares, pedagogos e o próprio Paulo Freire apresentam o pensamento e a atemporalidade do método de alfabetização do educador. 

Duração: 52 minutos 
Ano de lançamento: 2006 (Brasil) 
Direção: Toni Venturi


8.     Tarja Branca
Tratado com seriedade, o direito de brincar é o tema deste documentário, que aborda o conceito de "espírito lúdico" e convida para a reflexão do desenvolvimento do homem adulto. 

Duração: 80 minutos 
Ano de lançamento: 2014 (Brasil) 
Direção: Cacau Rhoden


9.     Entre os muros da escola
Uma sala de aula na periferia de Paris simboliza o choque cultural presente na França contemporânea: François Marin, um professor francês, busca formas de se aproximar de seus estudantes asiáticos, africanos, árabes e franceses. O longa é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau, protagonista da narrativa. 

Duração: 130 minutos 
Ano de lançamento: 2008 (França) 
Direção: Laurent Cantet


10.  Mitã

Educação, espiritualidade, tradição e cultura da criança se misturam na narrativa, inspirada pelos pensamentos de Fernando Pessoa, Agostinho da Silva e Lydia Hortélio. 

Duração: 52 minutos 
Ano de lançamento: 2013 (Brasil) 
Direção: Lia Mattos e Alexandre Basso

PESQUISA CELULAR EM SALA DE AULA

Pesquisa realizada entre os leitores da Revista Educação, ano 18, número 216 - www.revistaeducacao.com.br




Na mesma edição da revista, na página 13, o especialista André Toreli Salatino, da Feusp aborda uma pesquisa que mapeia o celular em sala de aula.

Como os jovens das escolas da periferia constroem sua experiência escolar em um contexto marcado pela disseminação maciça de aparelhos tecnológicos? Essa foi a pergunta que norteou a pesquisa etnográfica conduzida pelo especialista André Toreli Salatino, da Feusp. O projeto envolveu um trabalho de campo prolongado em uma escola da periferia de São Paulo e se baseou na observação de dezenas de estudantes e de práticas juvenis fundadas na utilização do aparelho celular, que segundo Salantino, ocupa um lugar central nas relações. Uma de suas conclusões foi a de que os equipamentos não são vistos como instrumentos de aprendizagem entre os alunos, apesar da disseminação desse uso pelas empresas de tecnologia e por instituições de ensino. Longe disso, os aparelhos são manuseados livremente, sem a intervenção dos professores, e criam redes de relações paralelas às vivenciadas presencialmente. Nesses momentos, os alunos se “ausentam” da sala de aula, direcionando sua criatividade, tempo e energia para o mundo virtual, pontuou o estudioso. A pesquisa aponta para a necessidade de os educadores repensarem a liberação destes aparelhos nas escolas e apara a importância da criação das situações de aprendizagem envolvendo os equipamentos, já que estas situações não serão criadas espontaneamente, como frisou.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

A EDUCAÇÃO DOS FILHOS

Texto reproduzido no site da Udemo - www.udemo.com.br


Persistência na educação dos filhos

ROSELY SAYÃO

Vivemos numa época bem complexa para os mais novos e os seus pais. Nunca as contradições foram tão intensas: se, por um lado, os pais declaram o amor incondicional aos filhos e os tornam o centro da vida familiar, por outro lado, testemunhamos uma enormidade de queixas desses mesmos pais em relação às crianças e aos adolescentes.
Todo mundo já ouviu algumas frases ditas por adultos que têm filhos -ou que se referem a eles- do tipo: "Meu filho tem um problema", "Não sei mais o que fazer", "Eu já fiz de tudo, não tem jeito", "A escola tem reclamado muito do comportamento dele", "Nós pais estamos perdidos", "O que eu faço?", "Devo procurar ajuda profissional?" etc. Vamos tentar entender alguns pontos dessas questões.
Primeiramente: ter filhos, hoje, para muitos adultos, não deveria trazer problemas, dificuldades, dúvidas e renúncias, e sim delícias, prazer, satisfação e desfrute. Ocorre que, quem tem filhos, por mais ou menos uns 20 anos -às vezes mais- irá enfrentar percalços, consigo mesmo e com os filhos; terá de fazer escolhas e se defrontar com dilemas e perguntas que não têm respostas certas e que se transformam à medida que os filhos crescem, mas que permanecem.
Ora é o sono, a birra, a agressividade descontrolada e a recusas às regras familiares; ora é o estudo, a difícil aprendizagem das letras e dos números, a alimentação e a vida social; ora é a balada, o sono sempre desregrado, a bebida alcoólica e outras drogas, e assim por diante.
Então, senhores pais, é preciso aceitar o fato de que sim, eles dão e darão trabalho por motivos simples: recusam o mundo adulto ao qual são sujeitados, precisam experimentar e testar suas possibilidades e, portanto, desobedecer, por exemplo. E, acima de tudo, porque cada um deles é singular, muito diferente do filho ideal que aprendemos a querer ter.
E é exatamente por esse motivo que receitas não costumam funcionar. Ou até funcionam temporariamente, mas as questões que eles nos trazem sempre retornam, de um jeito ou de outro. Mais do que buscar respostas indicadas para esta ou aquela questão, é preciso olhar de perto e de olhos bem abertos cada um dos filhos para que, conhecendo-os, seja mais possível buscar soluções às questões que eles apresentam. E, mesmo assim, saber que as soluções que encontrarmos nunca serão mágicas.
Educar é um processo contínuo e isso significa que os resultados das estratégias que usamos com os mais novos podem não ser imediatos
ou rápidos. Mas persistir por um tempo é o que irá mostrar se podem funcionar ou não.
Caso se constate que a estratégia escolhida não funcionou, é preciso criar outra maneira de abordar a questão. Manter-se potente na função de mãe e de pai não combina com as frases "Não sei mais o que fazer" ou "Não tem jeito". Sempre há outras saídas possíveis. Sempre.
Outras questão importante é que, hoje, mães e pais se percebem julgados como bons ou não no exercício de seus papeis de acordo com o comportamento, performance escolar ou escolhas dos filhos. É preciso resistir bravamente a isso.
Ser uma boa mãe ou um bom pai tem a ver com o vínculo estabelecido com o filho, a dedicação a ele, a disponibilidade para enfrentar as questões que ele, cotidianamente, apresenta, sem esmorecer, sem desistir.
Ser uma boa mãe ou um bom pai tem maior relação com resiliência do que com o comportamento do filho. 

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

Matéria publicada na Folha de São Paulo, 7 de Abril de 2015