segunda-feira, 30 de abril de 2018

DIA DO TRABALHO




Significado e história do 1° de maio, Dia do Trabalhador


1 de maio é o Dia do Trabalhador, data que tem origem a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago, e numa greve geral em todos os Estados Unidos, em 1886.
Três anos depois, em 1891, o Congresso Operário Internacional convocou, em França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. A primeira acabou com 10 mortos, em consequência da intervenção policial.
Foram os factos históricos que transformaram o 1 de maio no Dia do Trabalhador. Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir os seus direitos, apenas trabalhavam.
No dia 23 de abril de 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1º de maio como feriado, e uns anos depois a Rússia fez o mesmo.
No Brasil é costume os governos anunciarem o aumento anual do salário mínimo no dia 1 de maio.
No calendário litúrgico celebra-se a memória de São José Operário por tratar-se do santo padroeiro dos trabalhadores.
Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as ações do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e ativistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.
Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, ao longo da I República transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio adquiriu também características de ação de massas.
Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.
Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos do regime à expressão das liberdades. As greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo.
Nesse período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.
Ficarão como marco indelével na história do operariado português, as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo, com o grande impulso no 1.º de Maio de 62.
Mais de 200 mil operários agrícolas, que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo de Salazar a jornada de oito horas de trabalho diário.
Claro que o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje, em Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974.
O Dia do Trabalhador também tem sido tubulento na Turquia, muitas vezes violento e mortal. O ano de 2015 ficou marcado por uma originalidade: o regime não quis proibir diretamente a manifestação tradicional na Praça Taksim, mas impediu a concentração de trabalhadores e intelectuais naquele local emblemático.
No Japão, o 1° de maio é comemorado a 23 de novembro, desde 1948. É chamado de Kinrou Kansha no Hi ( きんろうかんしゃのひ / 勤労感謝 の日), que traduzindo seria “Dia da Ação de Graças ao Trabalho“.
Muito antes de ser considerado o Dia do Trabalhador, 1 de maio foi dia de outros factos históricos.
·       1500: Pedro Álvares Cabral tomou posse da Ilha de Vera Cruz (atual Brasil), em nome do Rei de Portugal;
·       1707: passou a vigorar o Tratado de União, que transformou os reinos da Inglaterra e da Escócia em Reino Unido;
·       1786: a ópera ‘As Bodas de Fígaro’, de Mozart, estreou em Viena, Áustria;
·       1834: foi abolida a escravatura nas colónias inglesas;
·       1960: iniciou-se uma crise diplomática entre antiga União Soviética e os EUA, com o abate do U2, um avião espião norte-americano, pilotado por Francis Gary Powers;
·       1994: o automobilismo sofre uma grande perda com a morte do brasileiro Ayrton Senna, no Grande Prémio de San Marino;.
·       2004: a União Europeia cresceu, com a entrada de mais 10 países: República Checa, Hungria, Chipre, Eslováquia, Polónia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia e Malta.
·       2011: beatificação do Papa João Paulo II, exatamente no mesmo dia em que Barack Obama disse “We got him”, referindo-se à captura e morte do terrorista Osama Bin Laden, numa operação norte-americana realizada no Paquistão.
·       O 1 de maio é também o dia de nascimento do escritor francês Jean de Joinville (1225), do poeta russo Aleksey Khomyakov (1804), e do quarto Presidente da República Portuguesa, Sidónio Pais (1872).


quinta-feira, 19 de abril de 2018

A IMPORTÂNCIA DO REGISTRO NO DIÁRIO DE CLASSE


Em nosso site temos na íntegra a "Orientação técnica para preenchimento do diário de classe", ainda o artigo "Registro e portfólio", e "Avaliação e Registro"; que tratam da importância do registro. O artigo abaixo, da Revista Nova Escola, traz uma visão do tema
Penso, logo registro. Ou o diário além da burocracia

Felipe Bandoni
Professor de Ciências na Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio Santa Cruz, em São Paulo
"Felipe, você lembra do estudo com câmeras de lata? Eu escrevi: ‘Uma das fotos não ficou como eu esperava, mas depois deu certo’", me disse um ex-aluno que encontrei na escola em que lecionei há dez anos. A observação a respeito da atividade, parte de uma investigação sobre fotografia, tinha sido escrita por ele em um caderno elaborado coletivamente em sala. Fiquei surpreso em ver que, além das amizades, ele se recordava especificamente do registro.

A instituição havia tido o cuidado de guardar essa e outras produções dos estudantes, então fomos buscar o tal caderno. Lá, encontramos a frase recitada pelo garoto. Minhas lembranças daquele projeto, não tão nítidas quanto as dele, foram reavivadas pelas anotações que fiz na época. A experiência foi extremamente interessante tanto pelo prazer de relembrar a atividade quanto pelas reflexões derivadas da leitura - ao reler o que escrevi quando ainda era um professor iniciante, pude recordar um pouco do meu percurso formativo como docente. Nada disso teria sido possível se eu não tivesse documentado minhas impressões naquele momento.

Grande parte dos professores faz algum tipo de registro. O mais comum é o diário de classe, em que colocamos faltas, notas e explicações breves sobre o que foi ensinado. Muitas vezes essas anotações são meramente burocráticas, ou seja, apenas uma obrigação a ser cumprida pelo educador. Penso que o diário deve ser muito mais rico que isso. Ele pode conter registros que nos levem a pensar sobre nossa prática e contribuam para aperfeiçoá-la. Ao colocar no papel uma descrição viva dos eventos em sala, podemos observar nossa atuação fora do calor do momento.

Essas anotações são também importantes instrumentos avaliativos. É comum que os estudantes exponham seus aprendizados fora de situações formais de mensuração dos saberes, como provas ou apresentações. Essas manifestações não podem passar despercebidas. Uma participação que demonstra que o aluno aprendeu (ou não) determinado conteúdo é importantíssima de ser registrada. Além de ser um modo de auxiliar na identificação da evolução do estudante, pode subsidiar discussões com a turma, com outros professores ou com os pais sobre o processo de aprendizado.
Não restrinjo minhas anotações ao diário. O material didático que preparo para as aulas também está cheio de rabiscos! Quando o distribuo para os alunos, por exemplo, mantenho uma cópia comigo. Vou fazendo registros variados enquanto eles executam a atividade: escrevo sobre o desempenho dos estudantes e o ritmo da turma para cumprir a proposta, mas também comento sobre o próprio recurso, as escolhas didáticas que fiz e o encaminhamento que dei aos conteúdos.

Tanta coisa escrita não tem valor se ficar guardada. Por isso, é essencial retomar os registros sempre que forem úteis. O primeiro passo é organizá-los: guardo os meus em pastas por turmas, além de ter sempre à mão o caderno que levo a todas as aulas. Acesso o que preciso conforme o momento do ano. O que anotei sobre os alunos ressurge em reuniões pedagógicas e conselhos de classe. O material comentado, por sua vez, é revisto a cada novo planejamento - e aprimorado.

Diversos teóricos da Educação afirmam que escrever organiza o pensamento. Concordo. No caso específico dos registros de aula, a grande contribuição é a possibilidade de refletir sobre o fazer docente. Eles são a memória do percurso seguido, ajudam a averiguar o que deu certo e errado e contêm pistas dos caminhos a seguir. Também não deixam de ser a recordação de um bom trabalho. Muitas vezes, nos inspiram a fazer outros que também ficarão na lembrança.
Acesso, https://novaescola.org.br/, em 19/04/2018